Um exército diferente


Por Persio Bider *

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O Exército de Defesa de Israel (Tzavá Haganá leIsrael ou “Tzahal”) já se mostra diferenciado por sua própria definição. Não é um exército qualquer, mas sim um exército popular de “defesa” que, desde sua criação, conserva sua proposta de defender o Estado de Israel e sua população.

O exército israelense se diferencia dos demais, tanto por sua excelência em combate, como também por seu código ético e moral de atuação. O Tzahal requer um enorme sacrifício do povo de Israel e uma rigorosa e contínua preparação de seus jovens soldados.

Porém, apesar de estar sob constantes ameaças e guerra declarada por seus inimigos, suas respostas, contraofensivas e sua conduta em geral fazem do Tzahal um exército diferenciado, estando dentre os mais éticos, humanos, honrados e respeitados do mundo.

Ética vem do grego ethos, que significa modo de ser, caráter, comportamento. É o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver em harmonia na sociedade. Diferencia-se da moral, pois enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.

Se a ética é o estudo e a prática do melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade, podemos presumir que não há ética numa situação declarada de guerra?

Estão enganados, no entanto, os que pensam dessa forma e não conhecem o modo de agir do Tzahal, pois, mesmo em constante estado de guerra, sob ameaças diárias e com muitos países clamando por sua extinção, o exército israelense prima em manter sua ética.

As forças do Tzahal, apesar de seu extremo poder ofensivo e bélico possuem um código de conduta muito claro e diferenciado. Abaixo encontram-se alguns exemplos que ilustram o referido código, relatados pelos próprios soldados israelenses que participaram de ofensivas em território inimigo:

· Israel permite que um soldado descumpra a ordem de seu comandante caso perceba que pode salvar a vida de seu inimigo (conforme ocorrido no sul do Líbano, em 2006);

· Quando o soldado inimigo levanta suas mãos para o alto ou emite qualquer outro sinal de rendição, não pode mais ser alvejado, sendo considerado prisioneiro e, como tal, deve ser tratado com respeito;

· Anteriormente à incursão em um território inimigo, o exercito se certifica que não há civis no local. Caso isto seja impossível, como em incursão em áreas urbanas, os civis são avisados de antemão para não se expor e assim não serem atingidos;

· Ao identificar alvos, tais como depósitos de armas e locais de lançamentos de mísseis, providencia a evacuação da região (por meio de auto-falantes e panfletos) e, somente depois de certificado que não há mais ninguém, é que se determina a destruição do local. (a exemplo do que ocorre em todas as incursões em território palestino ou libanês);

· Quando o Tzahal faz uma incursão em território inimigo, procurando por terroristas, por exemplo, o faz de modo a causar o mínimo de danos possível para a população local, muitas vezes arriscando a vida de seus próprios soldados. Neste sentido, há inúmeros casos de soldados israelenses que morreram por não atirar em mulheres ou crianças que serviam de escudos humanos para proteger os terroristas.

· Se os soldados precisam utilizar residências dos habitantes da região em que ocorre a incursão, utilizam o espaço somente para descanso e/ou proteção, haja vista que são proibidos de utilizar os móveis, utensílios e demais objetos da casa, sob pena de prisão. (conforme ocorrido em Jenin, em 2001);

· O Tzahal preza pela liberdade religiosa, podendo qualquer soldado observar as práticas de sua religião, seja ela qual for. Os soldados podem, ainda, declarar conflito de consciência ou de conduta, podendo, em certos casos, descumprir a ordem de um superior; (como ocorreu na devolução da Faixa de Gaza aos palestinos, em 2005);


· O Tzahal evita ao máximo a perda de vidas, inclusive as inimigas. Em muitos casos, age com munição de borracha e tinta. (como ocorreu no caso da Flotilha, em 2010);

· Tzahal não deixa feridos em campos de batalha, sejam eles israelenses ou inimigos. Todos são resgatados e tratados de forma igualitária, seguindo as mais rigorosas regras da ética médica: os que estão em estado mais grave são atendidos primeiro, sejam eles israelenses ou não.

Apesar do Tzahal ser mundialmente conhecido como um dos exércitos mais poderosos do mundo, também é considerado um dos mais éticos e moralistas, pois além dos exemplos acima mencionados, o soldado que cometer qualquer erro que venha a custar a vida de outros, sejam civis, inimigos ou companheiros, será julgado, estando sujeito às sanções aplicáveis.

A ética dos soldados israelenses para com os prisioneiros é tamanha, que prevalece mesmo tendo eles consciência que, em situação inversa, não seriam tratados da mesma forma, a exemplo dos pilotos capturados no Líbano que foram arrastados por carros até a morte e dos soldados capturados em Jenin e assassinados a sangue frio e jogados pelas janelas.

O jovem soldado Gilad Shalit, sequestrado pelo Hamas em julho de 2006, não tem acesso nem mesmo à visita da Cruz Vermelha. Seus parentes e amigos não sabem de suas condições de saúde e, inclusive, se continua vivo. Esse tratamento não é o mesmo que Israel dispensa aos seus prisioneiros, que recebem visitas da Cruz Vermelha e de parentes e de amigos.

Mesmo no caso de infrações de menor gravidade, os soldados são severamente disciplinados e sofrem as devidas sanções, como no caso da soldada que tirou fotos com prisioneiros, pois causou humilhação aos prisioneiros e manchou a integridade da conduta ética do Tzahal.

Nenhum outro exército age dessa forma, preservando a vida, muitas vezes protegendo seus próprios inimigos, mesmo estando diariamente em estado de alerta. Que outro exército ou soldado sofre atentados, ataques repentinos e ameaças, e ainda consegue encontrar forças, coragem e humildade para levar ajuda humanitária e alimentos para seus inimigos? Que outro exército ou soldado acolhe de forma profissional aquele que prega sua destruição, que pratica um atentado contra sua vida, e mesmo assim recebe socorro médico e humanitário?

É claro que, no entanto, o exército israelense não é perfeito, cometendo muitos erros devido a situações mal coordenadas ou planejadas que geram resultados negativos e inesperados. Isto prova, apenas, que o Tzahal é formado por humanos, falíveis em suas atitudes, mas que sempre buscarão corrigi-las, buscando sempre proteger o único Estado judeu do mundo.

Adaptando as palavras de Golda Meir à atualidade: nós podemos perdoar os nossos inimigos por matarem nossos filhos; nós não podemos perdoá-los por nos forçarem a matar os seus filhos; não haverá paz enquanto nossos inimigos não amarem seus filhos com a mesma intensidade que odeiam Israel; quando nossos inimigos largarem as armas teremos paz; quando Israel largar as armas, não teremos mais Israel.

Não podemos nunca deixar de apoiar nossos jovens que diariamente defendem o Estado de Israel. Podemos discordar da política israelense, mas nosso dever como judeus da diáspora é de sempre apoiar e defender aqueles que dão suas vidas para que possamos chamar de nossa a Terra de Israel.

Não esqueçam que é graças ao Tzahal que podemos passear tranquilamente pelas ruas de Jerusalém, Haifa ou Tel Aviv, e voltar sempre em segurança, somente com boas recordações e lindas fotos para mostrar aos nossos amigos. Então, por que não defender aqueles que te protegem diariamente?

* Persio Bider
Presidente JJO
Juventude Judaica Organizada
www.jjo.org.br

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