Por Afonso Vázquez-Monxardín
La Región - 25.01.2014
Hai seis ou sete anos, antes dunha
charla sobre o Holocausto organizada pola Asociación Galega de
Amizade con Israel, tomei un café co agregado cultural da embaixada
dese país. Tiña pinta de listo. Saíron na conversa moitos sitios
nos que traballara e algúen lle preguntou se visitara algunha vez
Auschwitz. Dixo que non. Que non lle interesaba. Que entendía aos
que ían pero que lle parecían uns masocas. Tiña el corenta e
poucos anos e, dicía, non quería andar sempre dándolle voltas ás
cousas que lles fixeran. Só mirar para adiante. Atraíalle
promocionar o intercambio empresarial e científico, a proxección
moderna dun estado occidental con mesmos problemas que todos;
ademais, obviamente, dos particulares, coñecidos e enormes sen
resolver, no medio daquel avespeiro que era Oriente Medio.
A min, que queren que lles diga, tamén
me farta bastante o tema, aínda que, sinceramente, creo que non teño
dereito. Ningunha persoa ten dereito a esquecer un xenocidio –un
intento articulado, planificado e executado de exterminar un pobo-
que non está tan lonxe de nós. Na mocidade dos nosos pais dous
trezos dos xudeus europeos convertíronse en fume. Seis millóns,
deles 1,6 millóns de nenos. Todos aos que lles puideron botar man.
Algo menos da metade eran sefarditas que conservaban lingua e
lembranzas orais de finais do século XV. Moitos, claro, de remota
orixe galega. Como Tamir Pardo, de familia estambulí, actual xefe do
Mosad, e polo que aparece na rede, un tipo duro, afeccionado ás
motos e á música celta. Será o xen.
E nestes tempos de hipérboles (todo é
importantísmo, grandísimo, o mellor ou peor do mundo...) debemos
ter moito coidado coas palabras, porque nelas, como nas silvas,
engarra un e nos fan ver estrelas onde só hai dor e rabia.
Xenocidio non é o mesmo que guerra,
nin que ocupación, nin que expulsión, nin sequera que asasinato. Na
guerra civil español, por exemplo, houbo moitos mortos por aquí e
por alá. Houbo asasinatos colectivos, pero non se pode falar de
xenocidio porque non se queria matar o pobo español enteiro, “só”
inimigos. A ditadura militar arxentina matou moita xente; inimigos.
Durante a súa primeira guerra árabe Israelí, en 1948, saíron das
súas casas 700.000 árabes, non os mataron os israelís. Logo desa
primeira guerra árabe israelí, saíron das súas casas de Iemen,
Exipto, Marrocos, Alxeria, Libia, Siria, Irán, uns 700.000 xudeus, e
tampouco os mataron os árabes. Non houbo xenocidios. Expulsións,
saídas, máis ou menos forzadas, si. Xenocidios, non.
Un xenocidio, matar “a feito” todos
os homes, mulleres e nenos dunha étnia ou dunha relixión, para
tratar de que non quede semente deles na terra, non se ten feito
moitas veces na historia. Por iso é bo non enganarse. Os conflitos,
por duros que sexan, hai que ver de arranxalos, e non exterminando ou
varrendo ao outro do mapa. E o holocausto xudeo da II Guerra Mundial,
debemos conmemoralo como di a ONU, para sabermos que a realidade
cando se revira, pode superar o peor dos pesadelos. E coidar das
palabras serve tamén para buscar solución aos problemas. O Shalom
xudeu e o Salam árabe, utilízanse ambos como saúdo e significan o
mesmo: paz. Pois iso.
Comentarios
As Seis pontas da Estrela de David ou Hexagrama na bandeira de Israel
(Wikipedia) - O Holocausto é o termo geralmente usado para descrever o genocídio de aproximadamente Seis Milhões de Judeus Europeus durante a Segunda Guerra Mundial, como parte de um programa de extermínio deliberado planeado e executado pelo regime Nazi na Alemanha liderada por Adolf Hitler.
Curiosamente, em 1939-1945, não foi a primeira vez na História que Seis Milhões de Judeusforam molestados (neste caso, exterminados pelos Nazis).
Já em 1919, um ano depois de terminada a Primeira Guerra Mundial, Seis Milhões de Judeus estiveram condenados a morrer à fome numa Europa hostil [Revista: "The American Hebrew"].
E mesmo dezassete anos antes, em 1902, Seis Milhões de Judeus estiveram a ser sistematicamente humilhados na Rússia e na Roménia [Enciclopédia Britânica].
Na Revista «American Hebrew» de 31 de Outubro de 1919, surgiu um artigo entitulado "A Crucificação dos Judeus Tem de Parar!" [The Crucifixion of Jews Must Stop!], escrito por Martin H Glynn, ex-governador do Estado de Nova Iorque.
O artigo foi publicado um ano depois de terminada a Primeira Guerra Mundial, aproximadamente 20 anos antes do rebentar da Segunda Guerra Mundial. O artigo refere por sete vezes o número 'Seis Milhões de Judeus'.
Artigo no "The American Hebrew" (1919) - páginas 582 e 601
A Crucificação dos Judeus Tem de Parar!
Do outro lado do mar Seis Milhões [Judeus] de homens e mulheres pedem a nossa ajuda, e oitocentas mil criancinhas choram por pão.
Estas crianças, estes homens e mulheres são os nossos companheiros da família humana, com a mesma reivindicação à vida, a mesma susceptibilidade ao frio do Inverno, a mesma propensão para morrer perante as garras da fome. Dentro deles residem as ilimitadas possibilidades para o progresso da raça humana como residiriam naturalmente em Seis Milhões [Judeus] de seres humanos. Não devemos ser os seus protectores mas temos de ser o seu socorro.
Em face da morte, na tortura da fome não há lugar para distinções mentais ou credos, não existe lugar para diferenciações raciais. Nesta catástrofe, quando Seis Milhões [Judeus] de seres humanos estão a caminhar rapidamente para a sepultura por um destino cruel e inflexível, só a mais idealista persuasão da natureza humana pode influenciar o coração e mover a mão.
Seis Milhões [Judeus] de homens e mulheres estão a morrer de carência das coisas mais básicas da vida; oitocentas mil crianças choram por pão. E este destino impende sobre eles embora não tenham culpa disso, embora não tenham transgredido as leis de Deus ou do homem, mas por causa da terrível tirania da guerra e um fanático desejo de sangue Judeu.
(continua)
Neste ameaçador holocausto de vida humana, são esquecidos os preciosismos das distinções filosóficas, são esquecidas as diferenças da interpretação histórica, e a determinação para ajudar os sem ajuda, dar abrigo aos sem-abrigo, vestir os nus e alimentar os que têm fome torna-se numa religião em cujo altar homens de todas as raças podem rezar e mulheres de todos os credos podem ajoelhar-se. Perante esta calamidade, as modas temporais dos homens desmoronam-se perante as eternas verdades da vida, e acordamos para o facto de que todos somos uma criação de Deus e que todos nos encontraremos perante o tribunal de Deus no dia do juízo final. E quando chegar o dia do juízo final uma mera oração não valerá um tostão; mas obras, simples obras intangíveis, obras que secam as lágrimas do sofrimento e aliviam a dor da aflição, obras que no espírito do Bom Samaritano derramam óleo e vinho nas feridas e encontram alimento e abrigo para os que sofrem e para os aflitos, terão mais peso que todas as estrelas no céu, toda a água dos mares, todas as pedras e metais nos astros que giram no firmamento à nossa volta.
A raça é uma questão de acaso; o credo, é em parte uma questão de herança, em parte uma questão de ambiente, em parte uma questão de raciocínio; mas as nossas necessidades físicas e corporais estão implantadas em todos nós pelas mãos de Deus, e o homem ou a mulher que podem, e se recusam, a ouvir o grito da fome; que podem, e se negam, a prestar atenção aos lamentos dos que morrem; os que podem, e não fazem, estender uma mão amiga àqueles que se afundam sob as ondas da adversidade é um assassino de instintivos mais selvagens, um traidor à causa da família humana e um apóstata das leis naturais escritas em todos os corações humanos pelo dedo do próprio Deus.
E assim, no espírito que tornou a oferenda em cobre da pobre viúva em prata, e a prata em ouro quando colocado no altar de Deus, é feito um chamamento ao povo deste país para santificar o seu dinheiro com a dádiva de 35 milhões de dólares em nome da humanidade de Moisés aos Seis Milhões [Judeus] de homens e mulheres famintos.
Seis Milhões [Judeus] de homens e mulheres estão a morrer – oitocentas mil crianças estão a chorar por pão. E porquê?
Por causa de uma guerra para derrubar a Autocracia e dar à Democracia o ceptro dos justos.
E nessa guerra pela democracia 200,000 rapazes judeus dos Estados Unidos combateram sob a bandeira americana. Só na 77ª Divisão havia 14,000 deles, e na floresta de Argonne esta divisão capturou 54 peças de artilharia alemã. Isto mostra quem em Argonne os rapazes judeus dos Estados Unidos combateram pela democracia tal como Joshua lutou contra os Amalequitas nas planícies de Abraão. Num discurso ao denominado "Batalhão Perdido" [Lost Battalion] comandado pelo coronel Whittlesey de Pittsfield, o general de divisão Alexander mostrou de que fibra eram formados estes rapazes judeus. Por qualquer motivo o comando de Whittlesey foi cercado. Tinham poucas rações. Tentaram comunicar com a retaguarda dando conta da sua luta. Tentaram e voltaram a tentar, mas os seus homens nunca conseguiram. A paralisia, a estupefacção e o desespero fizeram-se sentir. E no momento mais difícil e quando tudo parecia perdido, um soldado adiantou-se e disse ao coronel Whittlesey: "Vou tentar furar o cerco." Ele tentou, foi ferido, arrastou-se e rastejou, mas conseguiu passar. Hoje usa a Cruz por Serviços Excepcionais [Distinguished Service Cross] e o seu nome é Abraham Krotoshansky.
Por causa desta guerra pela Democracia Seis Milhões de Judeus, homens e mulheres estão a morrer de fome do outro lado do mar; oitocentos mil bebés Judeus estão a chorar por pão.
(continuação)
Em nome de Abraham Krotoshinsky que salvou o "Lost Battalion," em nome dos outros cento e noventa e nove mil, novecentos e noventa e nove rapazes Judeus que combateram pela Democracia sob a bandeira americana, vocês não dariam cobre, ou prata, ou ouro, para manter a vida nos corações destes homens e destas mulheres; para manter o sangue nos corpos destas crianças?
Na guerra mundial o Judeu ajudou toda a gente excepto o Judeu. "Além" ajudou no acampamento, no conselho e no conflito. "Acolá" ajudou a Cruz Vermelha, a Associação de Jovens Cristãos [Y.M.C.A.], os "Knights of Columbus" [Cavaleiros de Colombo - organização católica], a Maçonaria [the Masons], o Exército de Salvação e toda a gente. Portanto agora é a altura de todos ajudarem o Judeu, e Deus sabe que é agora que ele precisa.
Das trevas desta guerra, todas as outras raças, salvo uma ou duas, teve direito a um raio de sol. Mas entre as trevas circundantes não houve luz para o Judeu "para vós me guiardes". A guerra acabou para todos menos para o Judeu. O punhal ainda está na sua garganta e uma ânsia, velha de um século, irracional e absurda por sangue Judeu abre-lhe as veias. O Judeu na Roménia, Polónia e Ucrânia é feito o bode expiatório da guerra. Desde que o armistício foi assinado, milhares de Judeus na Ucrânia foram oferecidos como sacrifícios vivos a ambições diabólicas e a paixões fanáticas – as suas gargantas cortadas, os seus corpos rasgados membro a membro por bandos assassinos da soldadesca ciumenta. Na cidade de Proskunoff, há poucas semanas atrás, a madrugada viu a porta de cada casa onde vivia um Judeu marcada para um massacre.
Durante quatro dias, do nascer ao pôr-do-sol, fanáticos utilizaram a navalha como demónios do inferno, parando apenas para comer, ébrios com o sangue das vítimas Judias. Mataram os homens; foram menos misericordiosos com as mulheres. Violaram-nas e depois mataram-nas. De um objectivo a uma loucura, de uma loucura a um hábito, aconteceu esta matança de Judeus, até que em quatro dias as ruas de Proskunoff ficaram vermelhas como sarjetas de um matadouro, até que as suas casas se tornaram na morgue de milhares de seres humanos assassinados cujos feridas abertas gritaram por vingança e cujos olhos ficaram empedernidos com os horrores a que assistiram. Como disse o honorável Simon W. Rosendale, parafraseando apropriadamente o pensamento de Bobby Burns no seu discurso recente, é a velha história da "desumanidade de uns homens para com outros que colocam incontáveis milhares de luto". Assim como aconteceu em Proskunoff, o mesmo aconteceu em centenas de outros lugares. A história sangrenta repete-se ad nauseum. É a mesma história manchada de lágrimas – sempre a velha mancha sobre o brasão da humanidade. Realmente, Byron estava certo quando escreveu:
Tribos dos pés errantes e do peito fatigado
Para que lugar devem fugir para estarem em descanso?
O pombo selvagem tem o seu ninho, a raposa a sua toca,
A humanidade os seus países, Israel apenas a sepultura.
[Tribes of the wandering feet and weary breast
Whither shall ye flee to be at rest?
The wild dove hath her nest, the fox his cave,
Mankind their countries, Israel but the grave.]
[Ilegível] para um lugar ao sol, e a crucificação dos Judeus tem de parar. Dizemo-lo novamente, a guerra acabou para todos menos para os Judeus. Como Isaac com a faca na garganta, mas ao contrário de Isaac, nenhum poder é capaz de parar o aço da avidez pelo seu sangue. Mas algum poder no mundo tem de se levantar para impedir o extermínio de uma raça digna. Em nome da paz no mundo temos de ter uma Liga das nações por todos os meios; mas pela Humanidade no Mundo, para fazer justiça ao Judeu e a outros povos oprimidos na terra, deixem-nos ter as Tréguas de Deus!
(continua)
Enciclopédia Britânica (1902)
Mas já dezassete anos antes da publicação do artigo anterior na revista «The American Hebrew», também na Enciclopédia Britânica, em 1902, eram denunciadas as provações de Seis Milhões de Judeus:
Na página 482 de um artigo sobre Anti-semitismo na 10ª edição da Enciclopédia Britânica (1902) encontram-se as palavras: "Enquanto existem na Rússia e na Roménia Seis Milhões de Judeus que estão a ser sistematicamente humilhados... [While there are in Russia and Rumania six millions of Jews who are being systematically degraded...].
Estas palavras surgem no último parágrafo da coluna da esquerda da imagem seguinte e precedem em 20 anos a referência aos Seis Milhões de Judeus que iam morrendo de fome na Europa, e em 40 anos aos Seis Milhões de Judeus que morreram na Segunda Guerra Mundial vítimas dos nazis:
Enciclopédia Britânica (1902): [While there are in Russia and Rumania six millions of Jews who are being systematically degraded...] "Enquanto existem na Rússia e na RoméniaSeis Milhões de Judeus que estão a ser sistematicamente humilhados..."
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http://citadino.blogspot.pt/2013/08/aos-desgracados-dos-judeus-se-algo-de.html