A chave manchada de sangue e o cachorrinho de pelúcia


Por Daniela Kresch

Quando decidiu produzir uma exposição temporária sobre os 40 anos do massacre nas Olimpíadas de Munique, em 1972, a direção do “Herzlilenblum”, o Museu dos Bancos e Nostalgia de Tel Aviv (http://www.discountbank.co.il/wps/portal/museum/home), não imaginava quanta gente se interessaria pelo assunto. Os curadores do simpático museu, que fica na esquina entre as ruas Herzl e Lilenblum, no coração de Tel Aviv,  pensavam que a exposição temporária duraria apenas alguns meses, de fevereiro a junho. Mas o interesse público fez com que o fim da exibição fosse adiado para outubro ou até mesmo para o ano que vem. 


Até agora, já passaram pelo local mais de três mil visitantes, entre estudantes, turistas, atletas e curiosos.

-- Nunca imaginávamos esse sucesso – diz a diretora do museu, Yehudit Ben Levi – Sobreviventes do atentado em Munique e membros do Comitê Olímpico de Israel participaram da abertura e se emocionaram.

Yehudit conta que, quando o museu recebe visitantes, os guias já sabem que a sala da exposição sobre o atentado em Munique deve ficar por último. Isso porque, depois de entrar nela, os visitantes ficam mexidos demais. No local, há filmes, fotos e objetos pessoais dos 11 atletas israelenses mortos em Munique, em 1972.

Entre os objetos, dois me chamaram a atenção: uma chave do quarto da Vila Olímpica, ainda com manchas de sangue, que serviu de cativeiro para os reféns; e um cachorrinho de brinquedo comprado em Munique pelo esgrimista Andre Spitzer para dar de presente à filha recém-nascida, Anouk, que perdeu o pai quando tinha menos de um mês de idade. Outro objeto que me atraiu foi uma bolsinha de dinheiro, ainda com notas e moedas de 1972, que pertencia ao pugilista Mark Slavin.

O museu pertence ao Bank Discount (um dos três maiores bancos de Israel) e fica numa casa reformada ao lado da moderníssimo sede do banco – onde também fica a embaixada do Brasil. É lá que a delegação israelense para as Olimpíadas de Londres vai se reunir, no dia 17 de junho, um mês antes da abertura dos jogos, para lembrar os mortos e partir com esperança da conquista de medalhas.


Me pergunto porque não há uma exposição permanente sobre o massacre em Munique em Israel. Alguém me disse que é falta de verbas. Outro, que é uma questão política. Seja qual for o motivo, é uma pena. A morte dos atletas israelenses é uma página trágica da história do país e merecia ser lembrada honradamente. O interesse pela exposição no Herzlilenblum é uma prova disso.

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