Por Marcos Wasserman *
PLETZ.com Brasil
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Tenho um bom amigo aqui em Israel, e nos conhecemos há vários anos. Trata-se de Yaacov Keinan, que foi Embaixador de Israel no Brasil e até recentemente Presidente Honorário do Centro Cultural Israel-Brasil. Costumamos nos encontrar com certa frequência e, como todos bons israelenses, temos uma fartura de temas para conversar e a eles me referirei depois. Desta vez, tivemos um encontro exploratório da cidade de Tel Aviv. Fui levado por ele a conhecer um local muito pitoresco, localizado numa das ruas centrais de Tel Aviv. Para quem conhece, duas travessas da Rehov King George. Na verdade, trata-se de duas pequenas ruas.
Tenho um bom amigo aqui em Israel, e nos conhecemos há vários anos. Trata-se de Yaacov Keinan, que foi Embaixador de Israel no Brasil e até recentemente Presidente Honorário do Centro Cultural Israel-Brasil. Costumamos nos encontrar com certa frequência e, como todos bons israelenses, temos uma fartura de temas para conversar e a eles me referirei depois. Desta vez, tivemos um encontro exploratório da cidade de Tel Aviv. Fui levado por ele a conhecer um local muito pitoresco, localizado numa das ruas centrais de Tel Aviv. Para quem conhece, duas travessas da Rehov King George. Na verdade, trata-se de duas pequenas ruas.
Seus nomes, numa tradução para o português do hebraico: Rua Fulano e Rua Beltrano (“Simtah Plonit” e “Simtah Almonit”). Trata-se de duas ruazinhas construídas em 1922 num estilo eclético e que, nos últimos anos, passaram a ser muito movimentadas, onde existem algumas boutiques, uma galeria de arte, um par de bares-restaurantes-livrarias muito boêmios, que dão um especial colorido àquelas ruas. No extremo da Viela Fulano, ressalta-se uma belíssima estátua representando um leão de um escultor também anônimo. A estátua foi encomendada pelo fundador daquelas ruas, um tal de Meir Getzel Shapira, um judeu rico da cidade de Detroit, nos Estados Unidos, e isto ele o fez num gesto romântico para reconquistar a sua esposa Sonia, que o teria abandonado.
Ocorre que, o famoso Meir Dizengoff, que era, então prefeito de Tel Aviv – e, em seu nome, há uma importante artéria, que corta a cidade -, opôs-se à iniciativa daquele Sr. Shapira, que não tinha o direito de dar nome às ruas de moto próprio, o que seria prerrogativa da municipalidade. A briga entre ambos resultou que o departamento municipal responsável pelos nomes das ruas resolveu, a título provisório, chamá-las de Rua Fulano e Rua Beltrano. Como sói acontecer, o provisório acabou virando definitivo, e esses são os nomes das duas referidas vielas. Para comprovar o histórico, o amigo Yaacov Keinan, me enviou um e-mail com artigo retirado da Wikipedia, onde se vê a lindíssima casa construída pelo Sr. Shapira e o referido leão. Aliás, o Sr. Shapira, que não logrou se perpetuar nas ruas por ele criadas e construídas, em compensação, teve todo um bairro, no sul da cidade de Tel Aviv, nomeado em sua homenagem.
Prometi acima, e me refiro aos temas que costumamos abordar, o Embaixador e eu, na busca de lugares pitorescos, onde nos encontramos para bater papo. Nossas conversas não são em nada diferentes daquilo que é o “pão de cada dia” israelense, da imprensa, do rádio e da televisão. Nas sextas-feiras, à noite, os israelenses se encontram para falar, de tudo e de todos. Quais os temas? Começamos com o problema do soldado israelense raptado pelos terroristas do Hamás, Gilad Shalit. Qual será o preço pago por ele, pela sua libertação? Quantas centenas de terroristas e assassinos, que se encontram nas prisões israelenses, seja por tentativas ou por terem atacado “alvos estratégicos”, matando civis inocentes, e outros “crimes menores”. Haverá um acordo próximo?
E o Irã, com o seu vociferante presidente, ameaçando varrer Israel do mapa, e afirmando altissonante e desafiando o mundo que vai construir usinas atômicas “amigáveis”. E como é que fica? Será por ordem de Obama, que apesar de ter ganho o Prêmio Nobel da Paz, já declarou que sua paciência está se esgotando? Será Israel (e que Deus não o permita)? Ou haverá outra revolução interna no Irã? E como é que fica com os palestinos, divididos entre Abu Mazem, de um lado na Cisjordânia e o Hamás em Gaza, apoiado pelo Irã? E essa Palestina, vai acabar sendo criada? Onde e como?
E o Primeiro-Ministro Netanyahu, que decidiu congelar as construções na Cisjordânia, vai ter a coragem de imitar o General Sharon, que mandou evacuar Gaza, unilateralmente? Será que os colonos irão recrusceder os seus protestos, de momento apenas verbais? E a Turquia? Vai reassumir seu papel de conciliador entre as Síria e Israel? E, milagre dos milagres, haverá paz entre esses dois países? Qual será a reação dos judeus religiosos haredim e dos árabes cristãos e muçulmanos israelenses, face a um projeto, que pode acontecer seja encaminhado, no sentido de obrigar os jovens dos dois referidos setores populacionais, que não servem o exército, e obrigá-los a, pelo menos, prestar serviços civis, de natureza social, em hospitais, escolas, etc.?
Não pretendo ser profeta, nem tenho a pretensão de ser analista de problemas internacionais, onde Israel está imiscuído e, como muitos israelenses, fazemos as perguntas e não temos respostas. Também ninguém sabe como combater as ondas de anti-semitismo que recrudescem na grande parte do globo terrestre, desde a proclamação do Estado de Israel, com alguns pequenos intervalos de simpatia, quando da Guerra dos Seis Dias.
O mundo, ora o mundo, se regozijou quando caíram as muralhas e a cidade de Berlim foi unificada. Este mesmo mundo, ora o mundo, pretende se regozijar dividindo Jerusalém, a capital eterna de Israel. Contradições? Hipocrisia? Quando chegará o dia em que Israel deixará de ser o foco de tensões e preconceitos e poderá viver tranquilamente no anonimato como Ruas Fulano e Beltrano?
* Marcos Wasserman é avogado en Israel, Brasil e Portugal, e é presidente do Centro Cultural Israel-Brasil en Tel Aviv. E-mail: mlwadvog@netvision.net.il
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